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Artigo

De volta ao escritório, mas nem tanto!

Data
13 de Setembro, 2022

Num momento único na história, as empresas enfrentam desafios sem precedentes, fruto do grande teste feito às organizações e aos colaboradores, com a implementação de novas formas de trabalho. Deparámo-nos, nos últimos 12 meses, com as empresas a comunicar aos colaboradores que têm de voltar ao escritório. Depois de dois anos de trabalho remoto, imposto quando muitos já não estavam confortáveis com o dia a dia no escritório, principalmente pelo pouco equilíbrio da vida familiar e trabalho e os impactos na saúde mental que as longas horas de trabalho aportam, a ansiedade da (nova) mudança volta a atacar e a destabilizar.Todos os que experimentaram trabalhar remotamente perceberam que voltar ao espaço físico na empresa não era essencial para que o seu trabalho fosse eficaz ou até superasse o que se esperava dele. E muitos estudos apontam para que a flexibilidade e a autonomia, associadas a esta forma de trabalho, vieram melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e familiar, com impactos na saúde mental.As equipas de Recursos Humanos vêem-se desafiadas com dificuldades de retenção e atração, com uma resistência grande ao mandato de “voltar ao escritório”.A neurociência explica esta decisão das organizações de forma muito clara: os líderes tendem a sentir-se mais empoderados, com uma maior sensação de certeza e controlo, quando têm as equipas fisicamente perto e com políticas e processos one size fits all. Mas do ponto de vista dos colaboradores, a sensação de controlo e imposição, são fatores de stress, numa fase em que as equipas estão exaustas de mudança constante.A decisão tomada de regresso 100% ao escritório tem vindo a ser revertida, para ir ao encontro do equilíbrio essencial à manutenção do talento e conhecimento. Para isso, os líderes têm caminhado no sentido das suas pessoas, para lhes dar um sentido de propósito e motivo para voltar ao presencial. Quando pensamos no futuro do trabalho e dos espaços de trabalho, temos de colocar as Pessoas (ainda mais) no centro: a colaboração, a cooperação, a equidade, a diversidade e o sentido de pertença. Seja quando estão no escritório, seja quando estão em trabalho remoto.O desafio está nas lideranças e na sua capacidade para acompanhar e motivar as suas equipas, de forma individualizada, garantindo a integração e a formação que precisam, dentro do esquema de trabalho híbrido. A oportunidade de estar presencialmente com a sua equipa ou com o seu líder, desenvolver relações de confiança e promover a inclusão, o reconhecimento e valorização do trabalho remoto – associado à flexibilidade e ao trabalho por objetivos – têm sido os fatores que estão a trazer os colaboradores de volta ao espaço físico. E também eles estão a fazer o caminho inverso, depois de uma primeira reação de adversidade à ideia de voltar ao presencial.Acredito que esta forma de trabalho está a trazer para o centro da discussão a Confiança – dos líderes nas suas equipas, no seio delas e dos colaboradores nos seus líderes – como valor fundamental para o sucesso pessoal e das organizações.